De vilão a herói, e de herói a derrotado. Em menos de uma hora, Cacá foi tudo isso em campo. O Corinthians foi ainda mais: um time que oscila, que insiste em procurar soluções individuais para problemas que só o coletivo resolve. No fim, derrota por 2 a 1 para o Red Bull Bragantino, na Neo Química Arena, na volta do Campeonato Brasileiro.
Depois de um mês sem jogar, o Corinthians reapareceu com a missão de provar que poderia superar sua anemia ofensiva, mesmo sem Yuri Alberto. A resposta veio rápido: não conseguiu. Desde a chegada de Dorival Júnior, são doze gols em doze jogos. E mais um tropeço.
Logo no começo, o Bragantino lembrou aos donos da casa como se joga futebol em 2024: com troca de passes, organização e confiança no sistema, não no improviso. O time visitante empurrou o Corinthians para trás e só não abriu o placar antes porque Pitta errou o alvo.
Enquanto o Bragantino fazia o jogo coletivo funcionar como um relógio, o Corinthians apostava em arrancadas solitárias. Memphis Depay e Rodrigo Garro tentavam resolver na marra e colecionavam frustrações. Matheus Bidu arriscou um chute venenoso que raspou a trave, mas foi só isso.
O castigo veio com a lógica do jogo. Vinicinho invadiu a área e foi derrubado por um estabanado Cacá. Pênalti claro, confirmado com o auxílio do VAR. Eduardo Sasha bateu com frieza e abriu o placar.
No banco, Dorival Júnior gesticulava, reclamava da arbitragem, mas parecia incomodado mesmo era com o que via do próprio time: um amontoado de talentos isolados, desconectados uns dos outros.
Nas arquibancadas, a Fiel tentava empurrar, mas a biometria facial aliada às mudanças no Fiel Torcedor resultaram no pior público do ano: pouco mais de 33 mil pessoas, raro para um domingo.
No segundo tempo, o Corinthians voltou com mais ambição. Memphis cruzou, Romero perdeu um gol sem goleiro. Quem redesenhou o jogo foi Cacá: o mesmo que entregou o pênalti apareceu na segunda trave, como um centroavante, para empurrar para as redes e empatar. De vilão a herói.
Mas nem mesmo o gol redentor escondeu o descompasso do Corinthians. O jogo ficou aberto, e o Bragantino, que havia recuado demais, retomou o controle. Rodrigo Garro ainda perdeu chance cara a cara com Lucão, chutando por cima, desperdiçando o que poderia ser a virada.
Dorival tentou o tudo ou nada. Tirou Carrillo, reforçou o ataque com Talles Magno, Romero e Memphis. Romero, incansável, teve nova chance sozinho, mas Lucão salvou outra vez.
Quando o empate parecia destino certo, veio o golpe final. Jhon Jhon cobrou escanteio, a bola rodou a área. Novo cruzamento, bate-rebate, até Thiago Borbas completar para a rede.
Derrota justa, como costuma ser para quem ainda não entendeu que futebol é jogo coletivo.
Ao apito final, os jogadores foram até a arquibancada pedir desculpas. A resposta veio em forma de vaias, insultos e um grito que ressoou com mais força do que qualquer análise tática:
— Bando de c…, tem de ser homem para jogar no Coringão!