Jorge Salgado, ex-presidente do Vasco, se manifestou a respeito das falas de Pedrinho sobre uma cláusula que permitiria ao clube reaver as ações da SAF por R$ 1 mil. O ex-dirigente negou e acusou o atual mandatário de ter rompido o contrato unilateralmente três meses antes do vencimento.
“Com relação à entrevista coletiva concedida pelo presidente Pedrinho ontem, 24/7, entendo serem necessários os seguintes comentários a fazer:
1. Não é verdade que eu, enquanto presidente, teria tido a oportunidade de exercer a compra das ações não integralizadas da Vasco SAF por 1 mil reais, por um suposto não pagamento de um aporte da 777 Partners, e que teria decidido não o fazer.
2. No período em que presidi o clube, a 777 fez todos os aportes previstos em contrato. Em setembro de 2023, a 777 atrasou o pagamento do aporte previsto para aquele mês, o que ensejou uma notificação formal do CRVG iniciando o procedimento que poderia levar à compra das ações não integralizadas por 1 mil reais. O contrato estabelecia que após a notificação, caso a situação não fosse remediada pela 777 em 30 dias, o CRVG poderia efetivamente exercer a compra por 1 mil reais. Imediatamente após a notificação, a 777 pagou o valor do aporte, com juros de mora, impossibilitando a recompra das ações pelo CRVG naquele momento.
3. É importante ressaltar que o contrato também só permitia que o prazo de 30 dias para a remediação de atraso de pagamento fosse exercido por uma única vez. Isso significa que em qualquer outro inadimplemento da 777 o CRVG poderia exercer de imediato a compra das ações não integralizadas por 1 mil reais.
4. Ao contrario do que disse o atual presidente, na verdade quem jogou fora a oportunidade de recomprar as ações não integralizadas da Vasco SAF por 1 mil reais foi ele próprio ao decidir romper unilateralmente o contrato três meses antes da data de vencimento do aporte de R$ 300 milhões no início de setembro de 2024. Como aquela altura já eram públicas as dificuldades financeiras da 777 Partners, bastava aguardar a data de vencimento do aporte e exercer a compra no dia seguinte, sem correr os riscos reputacionais, econômicos e jurídicos decorrentes litígios e arbitragens imprevisíveis e infindáveis.
5. A narrativa de que “a gente entrou com a ação para justamente para proteger o Vasco de cair numa massa falida como vocês viram aí” também não se sustenta na realidade. No caso de falência da 777 Partners, as únicas ações com risco de arresto por credores seriam os 31% já integralizados e pagos pela 777. Neste caso o CRVG estaria no controle da empresa com 69% do capital social. O contrato, que se tornou público pelo processo judicial, previa também uma cláusula de drag along, que obrigava a 777 Partners, ou seu sucessor, a vender suas ações nas mesmas condições acordadas pelo CRVG com o futuro investidor da Vasco SAF. Um quadro que facilitaria a atração de novos investidores, se fosse esse o desejo da atual diretoria”.
A gestão Salgado esteve no clube entre os anos de 2021 e 2024. Em setembro de 2023, a 777 Partners atrasou o pagamento do aporte, o que fez o clube notificar a empresa. Os norte-americanos regularizaram a situação de forma parcelada em 30 dias.
“As transferências que não foram pagas pela 777 tem custo de contratação. Para você ter ideia, a 777 gastou R$ 300 milhões em contratações e não pagou R$ 200 milhões. Essa conta é nossa. “Ah, mas ninguém colocou uma arma na sua cabeça para eu assumir”. Eu fui eleito para ser presidente da associação. Certo? Mas na cláusula do contrato feito com a 777, num dos aportes que não foi feito, o ex-presidente poderia com R$ 1 mil depositar e ter as ações que não foram integralizadas de volta. Com isso, o clube voltaria a ser majoritário. Ele não exerceu isso, e tinha uma outra cláusula que ele poderia esperar os 30 dias para a execução do pagamento e isso foi feito. Por que ele não executou os R$ 1 mil e teve as ações de volta? Porque ele vende o clube numa situação financeira difícil e já tinha um investimento feito em contratações da 777 no qual se ele pega o clube de volta ele teria mais dívida ainda.
A gente teve que fazer um movimento contrário a esse. Tivemos que entrar com a ação sabendo que essa dificuldade financeira cairia no meu colo. E eu não pensei em nenhum momento… Senti muito medo porque juridicamente eu não entendo, é uma briga grande, dura, confiando no meu jurídico a gente entrou com a ação justamente para proteger o Vasco de cair numa massa falida, como vocês viram. E aí a gente entra nesse cenário. E, quando a gente fala nesse cenário, as pessoas ficam falando que é bengala, isso me chateia. Que não tenha viés politico, que tenha o entendimento do que é realidade. A realidade é que tem muitas coisas que a gente paga que poderiam ser utilizadas para contratações.”