Mas, por trás deste bom desempenho, mesmo que em pouco tempo de trabalho, existem alguns comportamentos que já estão sendo enxergados e podem explicar o sucesso do treinador no elenco.
1. Gestão de grupoCom Rogério Ceni, a gestão de grupo não era um dos pontos fortes do ex-treinador tricolor. Durante o trabalho do ex-goleiro, diversas desavenças com o elenco surgiram. Ano passado, por exemplo, houve o desentendimento com Patrick, hoje no Atlético-MG, quando o jogador se sentiu incomodado por ter sido tirado de campo contra o Fluminense, no segundo turno do Campeonato Brasileiro.
Nesta temporada, logo após a eliminação no Campeonato Paulista, teve problemas com Marcos Paulo – onde protagonizou uma discussão com o atleta. Além disso, pouco antes de deixar o clube, mostrou algumas ‘faíscas’ com Luan – onde chegou até a dizer que não relacionaria mais o atleta, até resolver os imbróglios envolvendo a renovação de contrato da Cria de Cotia.
2 – Adequação do time às características dos jogadoresDorival Júnior chegou ao São Paulo e logo em seu jogo de estreia fez o famoso ‘feijão com arroz’. Insistiu no básico, adequando o time às características dos atletas e ao que estava acostumado a trabalhar. Como esperado, manteve algo que sempre gostou de fazer: jogar com triangulações, saída de três, laterais com mais liberdade… Um dos exemplos seria com Caio, na lateral-esquerda. Caio constantemente fica mais soto na lateral, ajudando no poder de criação.
Também é possível citar Rodrigo Nestor jogando mais próximo ao ataque, com mais liberdade e menos na defensiva. Apostou na dupla de volantes com Pablo Maia e Gabriel Neves – e o uruguaio, finalmente, voltou a encontrar seu espaço.
O treinador conseguiu, de fato, se encontrar no elenco tricolor. Inclusive, consolidou também uma forte defesa – com Rafael no gol e a dupla Beraldo e Arboleda – que por diversos jogos não foram vazados.
3 – Relação nova (menos desgaste) com a torcidaSe no começo do ano os jogadores constantemente deixavam o gramado sob vaias da torcida no Morumbi, Dorival Júnior vive uma realidade completamente diferente. Com uma média de público no Campeonato Brasileiro que se aproxima dos 50 mil por jogo, a relação entre o treinador e a torcida não vive o desgaste que Ceni viveu durante seu comando. Embora Rogério sempre tenha sido visto como ídolo por conta dos seus tempos de goleiro, como treinador estava sendo questionado – até mesmo pela maior torcida organizada do time, a Independente. Agora, os atletas deixam os gramados do Morumbi sob aplausos.
4 – Poucos ‘testes’ de jogadores em posições diferentesEste tópico se relaciona com o segundo. Seguindo a mesma premissa de ‘adequar’ os jogadores conforme suas características, Dorival Júnior passou a utilizar os atletas da forma que eles estão acostumados e como se dão melhor. O principal exemplo é Luciano, o camisa 10 da equipe.
Com Dorival, tudo mudou. Dorival deu fim à ‘etapa de testes’ no elenco tricolor e Luciano voltou a sua posição no ataque. Com 26 jogos disputados, marcou cinco gols. Inclusive, viveu uma seca de onze jogos sem marcar, que por curiosidade, terminou quando Dorival Júnior assumiu o comando da equipe. O camisa 10 voltou a balançar as redes contra o América-MG. Com Dorival, marcou mais dois – contra o Internacional e o Sport.
Outro exemplo foi com Rafinha. No último ano, Ceni tentou utilizar o veterano diversas vezes como zagueiro. Embora Rafinha já tivesse atuado desta maneira na Europa, no passado, sempre se deu melhor no São Paulo como lateral. Sob o novo comando, voltou ao posto de titular na lateral-direita, como sempre foi acostumado.
Outro exemplo que também pode ser citado é sobre Juan. Cria de Cotia e ainda ganhando espaço no profissional, foi revelado na base como centroavante. No profissional, a insistência era utilizá-lo como um ponta – geralmente do lado direito. Mas Juan nunca escondeu: preferia jogar mais centralizado. Dorival Júnior começou a trabalhar com o atleta da forma que ele se sente mais confortável.
5 – Trabalho duro não falta – e mesmo com viagens longasO método de treinamento por parte de Dorival Júnior também tem sido diferente – e até então, funcionado. Com pouco tempo para trabalhar entre um jogo e outro, com a equipe viva em três competições -, o treinador começou a utilizar vídeos antes dos trabalhos no gramado – como é informado pelo clube.
Para facilitar o entendimento, estes vídeos são como ‘aulas televisuais’. Mas além desta inovação, o elenco passou a adotar uma postura diferente em jogos fora de casa. Mais uma vez por conta do calendário, o grupo começou a treinar nas cidades que são palco das partidas também, mesmo que às vezes somente com os reservas.
Isso, por exemplo, aconteceu em Curitiba, após o jogo contra o Coritiba pelo Campeonato Brasileiro, onde o elenco treinou na cidade antes de viajar para a Colômbia, onde enfrentou o Tolima. Contra o Puerto Cabello, na Venezuela, existiu uma situação parecida.
Após uma viagem de 16 horas praticamente, os reservas chegaram a realizar trabalhos no gramado do estádio após o término da partida. No retorno, os atletas chegaram ao Brasil praticamente às 4h (de Brasília). Às 11h (de Brasília), se reapresentaram no CT da Barra Funda.