— Os jogadores têm um contrato e são empregados do clube. Não tem nenhuma cláusula que devem ser titulares. Se um jogador chegar no clube e tiver essa cláusula, eu duvido. O Serna tem nos ajudado sempre que ele é chamado. Tenho um grupo que tem que dar atenção e oportunidade a todos. E aí os jogadores aproveitam. O problema do empresário de futebol é que eles acham que eles sempre têm um Messi. Tem alguns empresários que acham que dando declarações lá fora vão mudar a minha cabeça. Tem empresários que quando são cobrados pelo presidente do clube ou o Paulo Angioni, eles desmentem. Dizem que não falaram — disparou.
A declaração de Renato acontece após Algamis reclamar dos poucos minutos recebidos por Serna no Mundial de Clubes, em entrevista ao canal “Desmarcados”. Além disso, o diretor de futebol do Alianza Lima, Franco Navarro, revelou em entrevista coletiva que o peruano foi oferecido ao clube através dos empresários.
— Eu não vou atacar individualmente o empresário, vou falar no geral. Fiquem calados. No Fluminense tem comando. Se abrirem a boca, vai ter a resposta à altura. Depois não adianta desmentir. Dessa vez eu vou ficar calado, só mandar o recado. Empresário de futebol já diz tudo: vai lá, faz o contrato do jogador, cuida dele, entrega ao clube e o clube, junto com presidente, diretoria e comissão técnica, cuida do jogador. Tem muitos empresários que crescem na hora de renovar o contrato. Depois eles esquecem que são empresários dele — disse Renato.
— Tem muitos empresários que, ao invés de ficar falando besteira por aí, tem que procurar fazer com que o jogador corrija os erros que eles têm, coisa que é meu trabalho e faço diariamente. Isso os empresários não veem. Esse negócio de falar que “meu jogador tem de ser titular”, o empresário qualquer que seja tem que ter em um clube que ele tenha moral, que acha que manda, acha que é mais que o treinador, o presidente. Aí pode gritar a vontade. Hoje estou mandando recados aos empresários, seja de qualquer jogador. Fluminense tem comando. Se abrir a boca e eu identificar, vai ter a resposta à altura — completou o técnico do Tricolor.
— Temos que continuar o trabalho. O Arias é um jogador que fez o nome dele aqui, um dos ídolos da torcida. Vinha jogando bem e nos ajudando em todos os jogos. São coisas da vida. Ele é profissional, teve essa proposta, conversou e trocou ideias com o presidente (Mário Bittencourt). Era um sonho dele jogar na Europa. Eu sou testemunha que o presidente tentou inclusive dar um aumento para ele ficar, mas era um sonho. Quando um jogador de futebol tem um sonho, ele corre atrás dele — destacou Renato.
— Ele preferiu sair, mas enquanto esteve aqui nos ajudou bastante. Tem todo o nosso carinho. Me despedi dele agora. Apesar da derrota, merecidamente teve a festa que o torcedor fez para ele. Desejamos toda sorte do mundo, que tenha todo sucesso no clube que está indo que teve no Fluminense. A vida segue. Agora tem que arrumar outro jogador para jogar na posição dele. É difícil encontrar outro com o talento dele, mas temos um grupo e até domingo vou procurar dar oportunidades para os jogadores para ver quem se adapta melhor — completou.
— Independentemente do esquema que a gente usa, os jogadores já estão adaptados. O problema é que nós assistimos ao Cruzeiro jogar no primeiro tempo. Alertei eles antes mesmo de começar o aquecimento: “Prestem atenção, vamos enfrentar uma equipe que também está brigando pelo título brasileiro. Não à toa, está com 27 pontos. Costumam fazer gols no primeiro tempo, intensidade. Prestem atenção”. Infelizmente, não entramos focados como estávamos nos Estados Unidos (na Copa do Mundo). Fizeram dois gols merecidamente, jogaram melhor que a gente.
— (Escolhi) porque eu tenho as informações da semana que vocês não têm. Como os jogadores estão. Vamos jogar a cada três dias. Jogamos hoje uma decisão, outra daqui a três dias. Tenho que revezar o grupo e sei quem está melhor. Se eu tivesse escalado outros dois, esses dois teriam que jogar no domingo. Bem-vindo ao futebol brasileiro, a cada três dias, uma competição.
Segundo tempo no Maracanã:— No segundo tempo, a gente acordou. Conversei com eles no intervalo, fiz uma modificação (Serna na vaga de Nonato), depois fiz as outras durante o segundo tempo. Melhoramos bastante, criamos, infelizmente não conseguimos fazer nenhum gol. Falei para eles que precisávamos de um, que o segundo naturalmente ia sair. O Cruzeiro se defendeu, entregou a bola para a gente. Tentamos, tentamos. Mais uma vez, faltou um pouquinho de tranquilidade na hora das finalizações, para que fizéssemos ao menos um gol e tentássemos o empate depois. Dois tempos distintos. O primeiro, do Cruzeiro, e o segundo, do Fluminense. Só que eles foram letais, e nós não.
— Essas coisas boas e coisas ruins eu converso sempre com meu grupo no vídeo. Nós falhamos, sim, nos dois gols do Cruzeiro. Sempre falo para eles que os detalhezinhos fazem a diferença no futebol. E hoje, mais uma vez, tomamos dois gols por causa dos detalhezinhos. Não é porque é setor defensivo, meio ou ataque. A equipe inteira entrou não concentrada da maneira que deveríamos estar. E foram avisados dessa situação de que o Cruzeiro costuma fazer muitos gols no primeiro tempo porque são muito intensos. No segundo, os mesmos jogadores não deram chance para o Cruzeiro. Por quê? Porque todo mundo voltou focado para a segunda etapa. Criamos várias oportunidades e não conseguimos fazer os gols. O Cruzeiro criou algumas situações no primeiro tempo e foi letal. Eu costumo falar para eles que futebol é bola na rede.
— Se tem oportunidade, tem que fazer. Hoje tivemos várias oportunidades, não aproveitamos e o Cruzeiro aproveitou. O Cruzeiro tem jogadores decisivos, acima da média. Isso tudo nós conversamos. Eles aproveitaram nossos erros, fizeram dois gols. E sempre que uma equipe faz dois gols lógico que tem uma tranquilidade e confiança maior para jogar. Mas, mesmo assim, gostei bastante da minha equipe no segundo tempo, apesar da derrota e apesar de termos criado sem ter feito gol. Temos que começar assim todos os jogos, não temos que esperar tomar gol para reagir.
— No futebol já é difícil fazer gol. Se você permite o adversário fazer gol com falhas, as coisas dificultam ainda mais. Na Copa do Mundo, nós entramos focados desde o primeiro minuto de jogo. Por isso que a gente sofria pouco. Se um jogador não fica focado já é difícil. No momento que tem dois ou três jogadores que não estão concentrados, aí as coisas acontecem. E as coisas aconteceram no primeiro tempo, infelizmente. Quando nós acordamos, tivemos que correr atrás, nos expor. A gente cria, mas deixa mais espaço para o adversário. O jogo estava controlado no início. Infelizmente os detalhezinhos fizeram a diferença.
— O torcedor às vezes está um pouco impaciente, e eu concordo com ele, porque nosso time não entrou em campo. Alguns jogadores não estavam focados o suficiente, e o torcedor nota isso. Quando terminou o Mundial, eu falei para o grupo: “Prestem atenção, vocês criaram uma expectativa ainda maior no nosso torcedor, porque eles sabem que a gente pode brigar por coisas grandes, e a expectativa deles é nesse sentido. Temos que dar a resposta dentro de campo”. Da mesma maneira que jogamos contra os grandes times do mundo, a cobrança será igual no Brasil. Eu falei para eles que na volta ia ter no mínimo 40 mil torcedores no Maracanã. E eles são “culpados” por isso porque o torcedor está entusiasmado.
— A gente precisa continuar entregando em campo. Essa foi a cobrança depois do jogo. “Eu falei para vocês, a gente criou uma expectativa, o torcedor veio, apoiou, está com vocês”. O torcedor na arquibancada é o reflexo do time dentro do campo. Se o torcedor vê que o time está correndo, está pegando e se entregando, o torcedor vem junto. Eu mesmo estava brabo, impaciente com alguns jogadores no primeiro tempo porque vi que não estavam focados. E a conta chegou, tomamos dois gols.
— Essas coisas eu converso bastante com o grupo, inclusive agora após a partida. “Vocês foram avisados, inclusive em relação ao nosso torcedor”. Se eles vieram para apoiar e eles são culpados por criar essa expectativa, não pode mudar. A mentalidade e a entrega têm que ser as mesmas. Infelizmente hoje não foi o primeiro tempo que nós deveríamos ter jogado e pagamos pelos nossos erros.
— Conversei com ele, sim. Falei com ele por vídeo. Disse “futebol você tem, você precisa ter entrega, como seus companheiros estão tendo aqui”. Entrega no dia a dia, chegar no horário, treinar. Futebol (John Kennedy) tem, que é o mais importante de tudo. Pior seria se o jogador não tivesse o futebol,as qualidades que ele tem. Prometeu que vai treinar, se entregar, ficar focado no trabalho. É o que eu queria ouvir. As oportunidades agora vão aparecer para ele, que tem que mostrar por que voltou para o Fluminense. Ele saiu ajudando o clube, o time, fazendo gols importantes. Escutei muitas histórias desse garoto. Não dou bola para elas, prefiro ver algumas com meus próprios olhos. Vou dar conselhos, procurar ajudá-lo de todas as formas, para que dentro de campo ele possa retribuir e nos ajudar.
— Talvez tenha faltado um pouco mais de tranquilidade nas conclusões. O Cruzeiro teve as oportunidades no primeiro tempo e aproveitou. Nós tivemos e não aproveitamos. O futebol é bola na rede. Você pode ter dez, 15 bolas na trave. Se o adversário vai lá, não chuta nenhuma na trave mas faz um ou dois gols, ele ganha o jogo. Talvez tenha faltado não só com essas bolas na trave, (houve) outras oportunidades em que a gente não aproveitou melhor, justamente porque faltou um pouquinho de tranquilidade no momento.
— Aprender a gente aprende todo dia, independentemente da nossa profissão, principalmente tratando-se de um Mundial como foi esse, jogando contra os melhores times e melhores treinadores do mundo. O cara que fala que não aprende ele está mentindo. O que eu aprendi eu prefiro ficar para mim. Mas pode ter certeza que eu também ensinei, é só ver a nossa campanha no Mundial.
— Eu continuo com a mesma opinião, mesmo com essa Copa do Mundo que o Fluminense fez, o Botafogo, Palmeiras, Flamengo… Se você pegar os melhores times do mundo, você vê que o dinheiro… Se você vai ao supermercado com R$ 1 mil, você tem um tipo de compra. Você vai com R$ 100, você tem outro tipo de compra. Então se você está lá fora com o dinheiro todo que eles têm, está ali a prova. Eles montam um supertime, um superplantel. O Fluminense não avançou mais porque o Fluminense não tem o dinheiro deles.
— O Chelsea, por exemplo, que foi a única derrota que nós tivemos, foi o campeão. Eles pagaram mais de 400 milhões só no João Pedro, né. Mais de 400 milhões em um jogador. Por quê? Porque eles podem. Quando você monta um grupo de jogadores que a média de salário é 8 milhões, 10 milhões por mês, eles vão te entregar muito mais. Porque são jogadores acima da média. No momento que você junta esse tipo de jogadores em um grupo, a tendência obviamente é eles serem campeões, brigar pelo título no mínimo. Como você vai competir? Aparece um jogador nosso aqui no Brasil e já é vendido. Os caras têm dinheiro, e dinheiro compra. Aí muita gente fala “ah por que que vendeu?”. Não tem como competir com os caras. Os caras têm dinheiro e vão buscar os melhores jogadores do mundo. E tem os melhores treinadores, junta o útil ao agradável. Aí fica fácil, né. Quando eu falo que o futebol brasileiro está nivelado por baixo, acho que a maior prova disso é a deficiência que a gente tem na seleção brasileira.
— Você consegue escalar a seleção brasileira hoje? Pois então. Tem três ou quatro posições que os treinadores ainda não conseguiram achar o jogador certo. Se na seleção, que eles podem colocar os melhores, eles estão com esse problema, imagina no clube. Tem jogadores que são letais e tem jogadores que não são letais. Quando eu falo que o futebol brasileiro está nivelado por baixo é por isso e não vou mudar minha opinião. A não ser que comecem a aparecer craques de tudo que é lado, o que eu acho que ainda vai demorar muito tempo.
— Costumo falar para eles que na minha época tinha muito futebol e pouco dinheiro. Hoje em dia os jogadores merecidamente ganham grandes salários, mas não têm o futebol de antigamente. Antigamente a gente sabia de cor a seleção, o treinador da seleção toda hora era chamado de burro porque não convocava fulano ou beltrano. Só podia convocar 22 de tantos craques que tinham. Hoje em dia qualquer treinador na seleção brasileira tem problemas para convocar justamente porque em algumas posições não tem jogador. Eu respeito a opinião de todo mundo, essa é a minha. Se alguém pensa diferente, ok, parabéns. Mas a minha opinião é essa.