O meio-campista Nikolas se tornou o primeiro jogador investigado na Operação Penalidade Máxima a ser condenado no âmbito esportivo. Em julgamento realizado nesta segunda-feira (22), o TJD-RS definiu que o atleta do Novo Hamburgo ficará de fora dos gramados por 720 dias (dois anos) e terá de pagar uma multa de R$ 80 mil.
O jogador cometeu propositalmente um pênalti em partida contra o Esportivo, em Bento Gonçalves. De acordo com o relator, este caso era grave e não permitia que Nikolas recebesse a pena mínima, de 360 dias. Os demais auditores do TJD-RS compartilharam a visão. O atleta ainda pode recorrer ao plenário da casa. O valor da multa foi estipulado em R$ 80 mil por ser a mesma quantia que ele receberia da quadrilha que organizou a manipulação de resultados.
O jogador ou qualquer representante não compareceram para sua defesa. Os auditores também se queixaram do Novo Hamburgo não enviar representantes. O clube terá de arcar com multa do mesmo valor por omissão.
Os integrantes do TJD-RS não se limitaram a avaliar as conversas entre Nikolas e os apostadores, que anteciparam pagamento de R$ 5 mil e prometeram R$ 80 mil caso a infração fosse cometida. Houve análise do lance e citações quanto à narração do jogo.
– Aqui é papo de home (sic). Se eu falei que eu vou fazer, eu vou fazer, entendeu? Eu sabia que ia entrar no jogo, então não tinha erro – disse Nikolas a um dos apostadores em mensagem interceptada pelo MP-GO.
Também era aguardado o julgamento de Jarro Pedroso, do Internacional-SM. Porém, o atleta pediu o adiamento ao TJD, para elaborar melhor sua defesa e foi atendido.
ENTENDA O CASO
A investigação sobre suspeita de manipulação de resultados teve início em novembro do ano passado. O mandatário do Vila Nova, Jorge Hugo Bravo, descobriu que jogadores do clube vinham sendo aliciados por um grupo de apostadores antes da partida contra o Sport pela Série B. O dirigente juntou provas da tentativa de manipulação e procurou os promotores que combatem o crime organizado no estado.
A investigação apontou que houve manipulações em jogos das Séries A e B do Brasileirão de 2022 e em partidas de Estaduais. O grupo pagava para que jogadores fizessem determinadas ações, como receber cartões amarelo e vermelho ou cometer pênaltis. Em paralelo, os integrantes apostavam em sites do ramo que esses lances ocorreriam durante os jogos e conseguiam lucros.
Há estimativas de que o grupo “investiu” R$ 8430,00 e somou ganhos de R$ 730.616,00. O MP-GO continuará a apurar o caso e não descarta que ocorreram manipulações de resultados em outros jogos de futebol. A Operação Penalidade Máxima está em sua segunda fase.