A torcida xeneize na capital carioca é chamada de Consulado Boca Juniors Rio de Janeiro e, em 2023, foi oficialmente reconhecida pelo clube. O grupo é composto majoritariamente por argentinos que vivem no Rio de Janeiro, além de turistas hermanos que procuram um local para se reunir com os amigos de Azul e Ouro e até brasileiros que se apaixonaram pela equipe de Buenos Aires.
E foram justamente os torcedores cariocas os primeiros a chegar para o jogo contra o Bayern. Vestindo a camisa do Boca, Kelvin contou ao Lance! que o coração é dividido entre o Vasco e o clube argentino, pelo qual a paixão começou ainda na infância.
– Na nossa casa não tinha TV a cabo, mas a Rede Manchete começou a mostrar o Campeonato Argentino e eu, criança, fanático por futebol, me apaixonei pelo futebol do Riquelme e pela torcida do Boca – disse o carioca, que se reúne com os torcedores argentinos desde a final da Copa do Mundo de 2022.
O brasileiro Pedro Henrique também começou a frequentar os encontros do Consulado Boca Juniors em 2022 e diz que encontrou no grupo uma família. Ele se apaixonou pelo time xeneize em 2000, quando venceu o Palmeiras na final da Libertadores, e o gigante argentino deixou pouco espaço para o antigo amor Flamengo no seu coração.
– Eu sigo eles (Boca Juniors) até o inferno se for preciso. (…) Quando criança, fui flamenguista, mas posso te falar que hoje sou 80% Boca e 20% Flamengo. Cresci com o Flamengo, é da cidade onde moro, mas paixão mesmo é o Boca. Se os dois chegarem na final (do Mundial), vou estar nas nuvens – afirmou.
Outro torcedor xeneize que frequenta o bar de Copacabana em todos os jogos é Danilo. Nem brasileiro, nem argentino, o fanático pelo Boca Juniors nasceu em Honduras. A paixão levou-o a morar na Argentina durante dez anos. Mas a visita ao Rio de Janeiro para a final da Libertadores de 2023 o fez descobrir que seu lugar era a capital carioca.
– (Me apaixonei pelo Boca) no ano 2000, quando a gente ganhou o jogo contra o Real Madrid (final da Copa Intercontinental). Eu estava assistindo, ainda criança, e fiquei apaixonado. Aí comecei a acompanhar: veio a época de (Carlos) Bianchi, (Alfio) Basile, ganhamos a Libertadores de 2007. E eu comecei uma torcida organizada em Honduras também. Em 2014, me mudei para a Argentina para ficar perto do Boca, virei sócio-torcedor e fui a muitos estádios – relatou.
Em campo, o Boca Juniors foi derrotado pelo Bayern de Munique por 2 a 1. Apesar da superioridade dos bávaros, a equipe argentina mostrou a garra de sempre. E fora dos gramados nem se fala: a festa no Hard Rock Stadium, em Miami, chamou atenção até dos jogadores adversários. No Rio de Janeiro, não foi diferente. Os 50 xeneizes não pararam de cantar e transformaram o bar carioca em uma “mini Bombonera”, especialmente após a pintura de Merentiel que cedia o empate parcial de 1 a 1.
Antes de a bola rolar, os torcedores do Consulado reconheciam o favoritismo alemão, mas acreditavam em um bom resultado argentino. No quesito grandeza, no entanto, não tinham dúvidas de quem mandava no duelo.
– A camisa do Boca é maior que a do Bayern. Não tem comparação: história, mística, Boca muito maior – opinou Danilo.
– A gente é o maior da América com certeza. Com o Bayern é “pau a pau”, eles são grandes também. Mas a forma de torcer é diferente, o Boca é maior nesse quesito – disse Pedro Henrique.
– Todo mundo sabe que o Boca Juniors é o time sul-americano mais tradicional. A camisa é mais pesada que a do Bayern, sem dúvidas – falou Kelvin.
O Boca Juniors volta a campo na terça-feira (24) para enfrentar o Auckland City na terceira rodada da fase de grupos do Mundial de Clubes. No mesmo horário, se enfrentam Bayern e Benfica. Os argentinos precisam vencer por uma diferença considerável e torcer para os alemães superarem os portugueses da mesma forma. Certamente não faltará apoio dos xeneizes. Em Buenos Aires, nos Estados Unidos e no Rio de Janeiro.